Nestes
últimos dias, a mídia vinculou fortemente a saída do goleiro Bruno da prisão, o
goleiro recebeu um habeas corpus para responder em liberdade o crime de homicídio
triplamente qualificado. No entanto, o que espanta, são todos esses holofotes
dados pela sua saída, principalmente pelo fato do mesmo ter recebido diversas propostas de times, para
voltar a jogar e fechado contrato com o
time Boa Esporte, além de ter saído da
prisão de mão dadas com sua esposa.
Acredita-se
que quando alguém vai preso, o maior objetivo da prisão, não é só a punição,
mas sim a ressocialização ( o que não acontece) e que a chance de recomeçar, depois de cumprir uma pena é um
direito( o que não é o caso, pois o goleiro não cumpriu nem metade da pena).A
questão é que enquanto todas as noticias enfatizam o retorno do goleiro Bruno
ao futebol, mas uma vez, fica uma sensação de impunidade em relação a Eliza Samudio, que foi assassinada e até
hoje seu corpo não foi encontrado. Seu assassinato continua em
segundo plano em toda essa história, desde a época que ocorreu o crime, onde
ela foi subjulgada no período de investigação do caso, quando a mídia tentou desqualificá-la, por conta de
suas escolhas.
É interessante
observar que, muitos dos que defendem uma nova chance ao goleiro, são os mesmo
da turma do “Bandido bom é bandido morto”... Mas o que é ser bandido hoje em
dia, afinal¿ Alguém que comete um crime de tamanha crueldade contra mãe do seu
filho, não é considerado bandido, então? Até o próprio Bruno se pronunciou em
uma entrevista, dizendo: “Não sou bandido”. Não é bandido, mas assassinou uma
mulher. Como podemos chamá-lo, então¿ Tudo isso apenas reflete como os casos de
feminicídio no Brasil ainda são tratados de maneira banal. Assim como Eliza
Samudio, vários casos de mulheres continuam sendo tratados da mesma forma, ou
até pior, pois são com pessoas desconhecidas e o caso de Eliza ganhou
visibilidade, por conta da fama do goleiro.
No
Brasil, são assassinadas em média, 13 mulheres por dia(Atlas da Violência 2016)
e com uma Lei do Feminicídio (13.104) aprovada desde 2015, as
mulheres ainda são obrigadas a se deparar com situações como a saída do goleiro Bruno da prisão. Vale lembrar que
para todas as mulheres vítimas de feminicídio, não há possibilidade de “segunda
chance”.
(Em
memória de Eliza Samudio)
Karlinha
Ramalho
Fontes:
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