Mais
uma vez a bancada fundamentalista, intitulada “Pró vida”, tenta passar por cima
da Constituição, ignorando a laicidade do Estado. No dia 05 de junho foi aprovado
na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal o Projeto de Lei nº
478/2007 (PL 478), que está sendo chamado por nós, feministas, de “Bolsa
Estupro”. Os parlamentares petistas votaram contra. Este PL coloca o feto
como ser de direito, retroagindo assim, direitos já garantidos pelo
art. 128do Código Penal que são nos casos de estupro, risco de morte a mulher e
o recém conquistado e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, que são nos
casos de gestação de anecéfalo.
Segundo
o PL,a mulher que for vítima de estupro e engravidar não poderá abortar e se
não tiver condições, receberá uma ajuda financeira do Estado (por isso Bolsa
Estupro) até a/o filha(o) completar dezoito anos.Caso o autor do estupro for
encontrado, terá que registrar a criança e pagar pensão.Ou seja, o Estado quer
obrigar a mulher a levar adiante uma gravidez traumática e ainda fazer com o
que ela conviva com o indivíduo que a violentou.
Esta
proposta coloca o aborto na lista de crimes hediondos, lado a lado com o estupro
que também é considerado um crime hediondo. É um absurdo! A sociedade
patriarcal e heteronormativa vem interferir mais vez na autonomia da mulher
sobre o seu corpo,impedindo-a de tomar suas próprias decisões e ainda a criminaliza por decidir não levar adiante o fruto de uma violência, que por si
só é bastante traumático.
Lembrando
que o aborto tornou-se algo totalmente ligado a desigualdade social entre as mulheres.
Porque uma mulher de classe média alta quando decide abortar, procura uma
clinica que mesmo clandestina tem todos os equipamentos seguros para tal procedimento.
Já uma mulher de classe social baixa realiza esse procedimento em condições
precárias,colocando sua vida em risco.Mas também há outro fator muito
interessante a ser debatido sobre a questão do aborto, pois segundo o site do
Jornal Tabaréo o aborto é bastante comum em mulheres estabilizadas, como aponta
pesquisa do SUS:
Um mapeamento dessas pesquisas nos últimos 20 anos, realizado pelo
Ministério da Saúde, revela que as mulheres que recorrem à prática têm, em sua
maioria, entre 20 e 29 anos e se encontram em união estável. Grande parte delas
têm até oito anos de estudo e são trabalhadoras, católicas, com pelo menos um
filho e usuárias de métodos contraceptivos. Contudo, essas pesquisas não
abrangem a diversidade de mulheres que optam por interromper a gravidez, uma
vez que se baseiam em prontuários e relatórios médicos coletados em hospitais
da rede pública de saúde. A estimativa é de que as pacientes que recorrem ao
SUS correspondam a apenas 20% de todas que fazem aborto no país.
É preciso parar de esconder este
assunto.É preciso voltar à tona este debate, pois é algo bem mais comum do que
esta sociedade conservadora pensa e “esconde”.Os fundamentalistas preferem criminalizar
a mulher que foi violentada do que elaborar políticas públicas que garantem
mais segurança, e punições aos agressores.
Segundo pesquisa do portal DESACATO,
o numero de estupro tem crescido a cada ano e que o Brasil encontra-se no
sétimo lugar em casos de violência contra a mulher. “(...)
tem um estupro a cada 10 minutos. Isso significa 144 estupros diários, vezes
365 dão 52.560 estupros por ano...”
Nesta quarta-feira, 19 de junho, foi
nomeada a nova bancada feminista na Câmara Federal para votar contra o Estatuto
do Nascituro, caso venha a ser votado em Plenário e articular para que o
referido não avance neste sentido, assim como os movimentos feministas de todo
o Brasil estão articulando na sociedade e nos espaços de discussões o não
avanço do PL 478 no Congresso Nacional. A proposta que será votada na Comissão
de Constituição e Justiça - CCJ e poderá ser aprovada na referida.
Vamos todas (e todos) nos
mobilizarmos para que este PL não seja aprovado, garantindo assim, a autonomia
da mulher sobre o seu corpo e sua vida. Até quando os homens falarão e
decidirão por nós?
NÃO AO
ESTATUTO DO NASCITURO, ESTA LUTA É DE TODAS/OS NÓS!
Karla Ramalho
Karla
é professora, militante do Partidos dos Trabalhadores e da Marcha Mundial das
Mulheres.
Mais informações:
Expressão feminista
Marcha das Vadias
Marcha Mundial das Mulheres
marchamulheres.wordpress.com/
Fontes pesquisadas:
DENUNCIE!
Delegacia Especial de Atendimento à
Mulher
Endereço: EQS, 204/205, Asa Sul
Tel.: (61) 3442-4300
Endereço: EQS, 204/205, Asa Sul
Tel.: (61) 3442-4300
Nenhum comentário:
Postar um comentário