terça-feira, 26 de março de 2024

O DESMONTE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL/INCLUSIVA PELO GOVERNO IBANEIS

 


O atual governador Ibaneis fez sua campanha eleitoral afirmando que a educação seria prioridade em seu governo. No entanto, o que se tem visto nos dias atuais é um verdadeiro descaso com a educação pública.

Na R.A. de São Sebastião, por exemplo, há 15 anos não se constrói  uma nova escola de Ensino Fundamental, sendo que atualmente é uma das regiões que mais cresce no DF. As salas de aulas estão extremamente lotadas e atualmente há um prédio alugado pelo governo que atende estudantes do Ensino Fundamental 2, mas sem estrutura adequada, pois não possui quadra esportiva, o pátio é pequeno para a demanda de  estudantes  com a ausência  de demais espaços importantes para uma escola.

Em relação a Educação Especial/ Inclusiva, o descaso tem sido desumano. Os estudantes pertencentes as turmas DMUs(Deficiências Mútiplas),estavam em “casos omissos” pela Secretaria, pois várias turmas foram fechadas, e esses estudantes foram incluídos em turmas DI(Deficiência Intelectual), sendo que para a turma DMU é obrigatórios somente dois alunos. Já no ano de 2023 a Secretaria de Educação resolveu fechar muitas salas de turmas DI e de TEA (Transtorno do Espectro Autista) e resolveu incluir estudantes laudados em turmas regulares, sem sequer reduzir o número de alunos por sala na maioria das vezes.

Vale lembrar que em alguns casos é importante a inclusão de estudantes laudados em turmas regulares, contanto que esteja apto, mas em outros casos, o estudante precisa de um atendimento mais individualizado para que aprenda de acordo com suas necessidades e adaptações.

O professor regente das turmas regulares com estudante incluso é o responsável por elaborar as atividades adaptadas, mas com a demanda das salas lotadas e a falta de apoio e formação, o processo de ensino-aprendizagem do estudante incluso acaba sendo prejudicado. É necessário uma equipe multidisciplinar para auxiliar os professores no processo de ensino-aprendizagem desses estudantes.

Na Regional de São Sebastião, há algumas salas vazias que antes funcionavam turmas de alunos TEA e DI. Salas essas que estão equipadas com muitos materiais. Enquanto isso, os estudantes laudados estão inclusos em salas lotadas tendo seu desenvolvimento pedagógico prejudicado.

A maioria dos casos de mudança de turmas dos estudantes de Classes Especiais, foram feitas sem consulta as famílias e sem o aval de professores e coordenação pedagógica. Simplesmente foi uma decisão tomada “de cima pra baixo” pela Secretaria.

O Núcleo de Educação Especial das Regionais de Ensino, conta com uma equipe bastante reduzida, sendo insuficiente para atender as demandas de estudantes laudados.

O atual governo não tem a educação como prioridade e também vem negligenciando a Educação Especial/Inclusiva. É de extrema importante que toda a sociedade, a categoria e o sindicato, lutem por uma educação inclusiva digna e com todos os recursos necessários. É uma questão de Direitos Humanos, pois os estudantes com alguma deficiência ou transtorno têm o direito a uma educação pautada nas suas necessidades.

Karla Ramalho

Pedagoga/Psicopedagoga

Professora - SEDF

segunda-feira, 4 de março de 2024

"O jovem no Brasil nunca é levado a sério"


     A pandemia, além de ter deixado uma sequela social de muitos óbitos por Covid 19 e perdas financeiras, também deixou outra sequela que deve ser vista com atenção: Que foi a sequela  na saúde mental da população. Muitas pessoas, principalmente os jovens que ficaram em quarentena, presenciaram em seus ambientes familiares situações de desestruturação familiar e financeira. A falta de interação social, também afetou o emocional de muitos, O acesso às redes sociais aumentou grandemente e mudanças nos padrões sociais
   As redes sociais atualmente além de um entretenimento, tem se tornado o maior meio de interação entre jovens. A interação social tem sido substituída pela interação virtual. No entanto, no “mundo virtual” há uma facilidade de forjar uma realidade, viver de aparência o que vem trazendo à tona a necessidade de perfeição, quando há comparações entre pessoas e estilos de vida, desde a questões estéticas e financeiras. A busca pela perfeição vem levando muitos jovens a depressão, porque o padrão estabelecido pelas redes sociais continua inatingível e ilusório.
     A saúde mental e inteligência emocional veem sendo discutido recentemente, principalmente em relação a crianças e adolescentes. Há uma falsa ilusão que crianças e adolescentes têm menos problemas que os adultos, por isso muitas vezes não são escutados em relação aos seus conflitos emocionais, muitas vezes guardam para si suas emoções ou encontram fora do âmbito familiar um apoio e na pior das hipóteses, acabam descontando em drogas ou em más companhias.
      Ter uma atenção maior para a saúde mental de crianças e adolescentes é garantir uma sociedade com adultos mais saudáveis e conscientes de suas ações e menos jovens vulneráveis a situações de suicídio, vícios e criminalidade.
       Infelizmente os casos de suicídio de jovens veem aumentando devido à falta de um olhar para questões emocionais, ocasionada por diversos fatores, como segundo o psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua Mente:

“Pesquisas indicam que 75% dos transtornos mentais do adulto começam antes dos 24 anos. No caso dos adolescentes, metade tem início antes dos 14 anos. “A gente acaba vendo o indivíduo que está deprimido com 20, com 30 anos, mas na verdade a doença, a maioria, começou muito mais cedo”, diz. Um dos problemas que têm se apresentado cada vez mais cedo é a autolesão. Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), analisou casos de 61 alunos de 10 a 16 anos. Além de mostrar que 83% dos casos parecem ocorrer por causa de conflitos familiares não resolvidos, revelou ainda que a maioria está associada à depressão.

             O espaço escolar, muitas vezes é o local de maior convívio de crianças e adolescentes e onde eles passam a maior parte do tempo, fora do espaço escolar, muitos desses jovens ficam sozinhos em casa ou na rua, já que seus pais precisam trabalhar. Pensar em um ambiente escolar saudável satisfatório e acolhedor também é de extrema importância para a melhora da saúde mental, não só para os jovens como também para os professores que estão sobrecarregados e sem apoio e em alguns casos, precisam lidar com questões trazidas pelos estudantes o que acaba trazendo uma carga emocional muito grande para eles.
        O espaço da rua, ou seja, o espaço coletivo, também deve ser pensado para o acolhimento dessas crianças e jovens, com oportunidades saudáveis de lazer, esporte e cultura, algo que é bastante escasso em bairros periféricos e principalmente, onde a juventude convive com a criminalidade e violência constantemente.
        Pensar em uma política pública de saúde mental e inteligência emocional para a juventude e englobar uma série de fatores que vão desde a terapias acessíveis, a ações de lazer, esporte, cultura, emprego, alimentação, boa convivência e educação de qualidade, tudo isso alinhado a escuta ativa dos anseios que os jovens trazem para os mais velhos, seja no espaço escolar, familiar e coletivo. Como diz muito bem uma famosa música do antigo grupo Charlie Brown Jr: “Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério. O jovem no Brasil nunca é levado a sério.”

Karla Ramalho
Pedagoga/ Psicopedagoga
Professora - SEDF




 

quarta-feira, 21 de junho de 2023

SÃO SEBASTIÃO 30 ANOS: A CULTURA PADECE!

                 No dia 25 de junho, a Região Administrativa de São Sebastião completa 30 anos.   Lembrando que são 30 anos de R.A., pois essa região já é ocupada há muito tempo.

    Recentemente, muitos moradores da cidade tiveram um péssimo "presente", que foram as derrubadas de casas de muitas famílias. Dentro disso, cabe refletir que a regularização desse território seria um dos grandes presentes para a cidade.

   Durante muitos anos, São Sebastião foi um celeiro de artistas e de movimentos culturais. Movimentos esses que continuam resistentes em manter seu trabalho de arte e cultura em uma cidade que há 30 anos clama por mais espaços de cultura e lazer.

     No seu trigésimo aniversário, a cidade continua sem um centro cultural público, sem teatro ou anfiteatro, sem salas de cinema, praças públicas com boa estrutura, pois um coreto em cada praça já seria um grande palco para os artistas criativos que aqui residem, e principalmente, o Parque Ambiental do Bosque pede socorro!!! O lugar virou espaço de pasto de gado e também de criminalidade, mesmo tendo um grupo cultural ativo que tanto luta pela revitalização e boa utilização daquele espaço.

     O que mais revolta nesse trigésimo aniversário da Cidade do Barro é a falta de verba para uma comemoração do jeito que seu povo merece. Segundo a Administração Regional, não há verba para a cultura, os artistas locais não foram incluídos nas comemorações, simplesmente pelo fato do governo achar que verba para a cultura é um gasto supérfluo e não merece investimento, importante ressaltar que esta situação estende-se para todas as RAs. Os Gerentes de Culturas foram nomeados com a ajuda dos votos da comunidade cultural de cada localidade, mas nas Administrações Regionais não existe verba alguma para que os Gerentes possam realizar um trabalho digno. Para completar, o Deputado Distrital eleito por São Sebastião não destinou nenhuma verba de emenda para atividades culturais,dessa forma percebe-se que seu projeto não leva em conta o tanto que arte e cultura são importantes também para a qualidade de vida de uma sociedade.

   Enquanto isso, os artistas são sebastianenses continuam criando seus palcos artísticos culturais, sejam eles nas batalhas de rimas, nas rodas de samba e nos saraus. Esses sim, continuam presenteando a cidade com o que têm de melhor, enquanto o governo esquece que cultura é o melhor que o povo tem a oferecer e que festejar é importante.

     Que no futuro, São Sebastião possa ter uma festa digna de seu povo, com muita dança, música, artes plásticas, circo e tudo mais que esse povo produz e encanta!!!

 

Parabéns São Sebas, seu presente é sua arte que resiste!

Karlinha Ramalho

domingo, 13 de junho de 2021

FATORES AMBIENTAIS E APRENDIZAGEM

                                        

O cérebro humano, não é um órgão inflexível, ele está sempre se moldando ao logo do tempo e de acordo com os estímulos que lhe é oferecido. É na primeira infância que corresponde o período de 0 a 6 anos, que a criança está mais sensível a receber estímulos e assim  moldar seu cérebro cada vez mais. Estímulos esses que são feitos através de sensações, percepções gustativas, auditivas, visuais e táteis e que acontecem principalmente na interação do corpo e da mente com o meio. Além de tudo isso, o afeto, boa alimentação, qualidade de vida, ou seja, um ambiente saudável é de extrema importância para o bom desenvolvimento do individuo e consequentemente facilita o desenvolvimento cognitivo. Como afirma Robeiro, Silva, Caneiro, nos estudos sobre desenvolvimento infantil, baseado em Vygotsky:

 

“(...) a memória, a linguagem e o pensamento são produtos de uma estrutura sociocultural. Dessa forma , o contexto cultural é responsável por moldar os comportamentos, as transformações e as evoluções ao longo do desenvolvimento.”. (ROBEIRO; SILVA; CANEIRO).  

 

É importante ressaltar que cada indivíduo é um ser único, assim como seu processo de aprendizado e desenvolvimento como um todo. Ao longo dos anos, muitas instituições de ensino, começaram a ter um olhar diferenciado para o estudo da Neurociências e educação e como aprender não se inicia apenas por conteúdos sistematizados.

 O aprender vai muito além, a criança deve está apta, confortável e ter vivenciado diversas experiências, sejam elas sensoriais, motoras e psicomotoras. Com todo esse estudo sobre a Neurociência e também levando em conta os estudos de Vygotsky,  a Educação Infantil, passou a ser vista com um novo olhar, mesmo que nos dias atuais, continue sendo desvalorizada. Sendo de extrema importância tirar a Educação Infantil de um caráter assistencialista e colocá-la como uma importante etapa do desenvolvimento humano, pode-se dizer, a mais importante. Portanto, ela se torna um direito indispensável para as crianças e principalmente, uma  obrigação do governo de investir nessa etapa da educação, com o intuito de contribuir para o bom desenvolvimento do indivíduo em todo o seu período escolar. O Currículo em Movimento do Distrito,  enfatiza bastante essa importância de tirar a Educação Infantil do viés assistencialista:

 

A Educação Infantil não é assistencial, tampouco preparatória, pois trata-se de uma etapa da Educação Básica que abarca os direitos de aprendizagem voltados às reais e atuais necessidades e interesses das crianças no sentido de proporcionar seu desenvolvimento integral. (Currículo em Movimento do Distrito Federal, 2018).

 

Ou seja, a Educação Infantil, além de não ser assistencialista, ela não é focada em conteúdos sistematizados e sim nas vivências tão importantes para a o crescimento integral da criança. Jogos, brincadeiras e materiais adequados (tinta, giz de cera, papel, massinha e etc),  surgem como alternativas para se trabalhar nessa fase, no entanto, não é algo sem objetivo e sem organização, pois é fundamental, estabelecer os pontos a serem trabalhados em cada brincadeira, atividade  ou o uso de brinquedos, além da importância da rotina, pois organização é primordial para uma ampliação qualificada  de estímulos para o cérebro, como também deixa claro o Currículo em Movimento do Distrito Federal.

 

 A organização do trabalho pedagógico é de suma importância na condução e consolidação do processo educativo, sobretudo na Educação Infantil. Para orientar o trabalho pedagógico no desenvolvimento infantil, é preciso promover uma ação educativa devidamente planejada, efetiva e aberta ao processo avaliativo. Por isso, é imprescindível pensar os tempos, os ambientes, os materiais , bem como as rotinas que são organizadas nesse contexto educativo. (Currículo em Movimento do Distrito Federal, 2018).

 

Dentro desse processo de desenvolvimento, a partir da entrada da criança na Educação Infantil, a família e o ambiente familiar, tem um importante papel nesse processo, pois não adianta escola desempenhar a função  de  ensinar e estimular de  maneira integral, com rotina e instrumentos, sendo que em casa, a criança tem um ambiente hostil e desorganizado. Como já foi dito anteriormente, a criança necessita de afeto e organização para crescer de maneira saudável, por isso, a importância de se ter políticas públicas que protejam a criança, não somente focada na educação, mas também políticas sociais, pois o espaço social, também deve ser um ambiente educador. Atualmente os direitos da criança e do adolescente são garantidos através de lei específica que é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

 Art 3º - A criança e o adolescentes gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral que trata esta Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facilitar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

 

Art 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar.

 

Outro importante teórico  e estudioso do processo de desenvolvimento da criança é Jean Piaget que o divide em estágios, de maneira que, em cada estágio ocorre uma maturação para assim se passar para outra etapa.

Vejamos:

  • 1º período: sensório motor (0 a 2 anos);
  • 2º período: pré-operatório (2 a 7 anos);
  • 3º período: operações concretas (7 a 11 ou 12 anos);
  • 4º período: operações formais (11 ou 12 anos em diante).

E para ele, o desenvolvimento não está intrínseco a aprendizagem, ou seja, é um processo biológico, não levando em conta todo a influencia do meio e das interações sociais na qual o indivíduo está inserido, como aponta Vygotsky.

É no processo escolar que geralmente as primeiras dificuldades de aprendizagem começam a ficar evidentes e na maioria das vezes é o professor o primeiro a observar. Em todo o caso, o mais indicado a se fazer é encaminhar para um  estudo de caso para averiguar se há algum transtorno ou apenas uma dificuldade momentânea, levando em conta que cada indivíduo tem o seu processo.

Por isso, a partir do momento que é detectado algo fora do comum, teste, exames e relatórios devem ser feitos, pois quando mais cedo tiver um diagnóstico, melhor para a intervenção, até porque o cérebro é um órgão privilegiado, por conta de sua plasticidade, através de estímulos que recebe, seja em tratamento, ou em diversos casos de aprendizagem, ou até mesmo involuntariamente.

O psicopedagogo, atua principalmente nessa questão, ou seja, um mediador e estimulador para sanar ou amenizar as dificuldades de aprendizagem, que atingem principalmente o campo pedagógico. Intervenções pedagógicas, quando feitas adequadamente, trazem grandes resultados não só no campo pedagógico, mas também como qualidade de vida. Como exemplica Rota, Bridi Filho, Bridi:

 

Compreender que as intervenções no campo educativo são capazes de alterar modos de aprender, comportamentos e ampliações nas construções cognitivas construindo novos significados, reordenando ou organizando elementos subjetivos é consenso no campo da educação e mais especificamente, da pedagogia. (Rota; Bridi Filho; Bridi, 2018, p.1).

 

 Quando fatores ambientais ocasionam o atraso pedagógico e a dificuldade de aprendizagem, não há laudo específico, mas é necessário um acompanhamento com profissionais adequados para as atividades, que busquem despertar áreas adormecidas do cérebro, comecem a ser ativadas como um meio de melhorar a aprendizagem e consequentemente contribuir para a vida escolar do indivíduo. Lembrando que o acompanhamento feito ao indivíduo que apresenta um atraso no campo pedagógico, deve ser contínuo, feito pela Sala de Recurso e serviço de apoio da escola, para sanar o seu atraso e permitir que outras questões não o afete, também, pois o atraso na aprendizagem, pode trazer baixa auto estima e até mesmo a evasão escolar.

terça-feira, 30 de junho de 2020

Dicas para facilitar à aprendizagem nas aulas remotas.


O ano de 2020 nunca mais será esquecido. Em um momento de pandemia mundial,  foi necessário reinventar a forma de viver, trabalhar e conviver, principalmente para os que respeitam a quarentena, pois esses sim,  valorizam suas vidas e têm empatia pelas vidas dos outros.
Serviços essenciais foram adaptados  e a  comunicação nos dias atuais é de maneira online. Complicado pensar nisso, porque em meio a essa problemática, percebeu-se que o Brasil está longe de ser um país com inclusão digital e acesso a internet a todos. Ou seja, uma grande parcela da população, não tem acesso a informação disponível pela internet. Pois inclusão digital não é só saber mexer em redes sociais, mas é também saber se comunicar, manusear e participar do meio digital com facilidade.
No mês de junho, a Secretaria de Educação do Distrito Federal, deu início a um novo método de ensino–aprendizagem, a educação remota, através do aplicativo Google Sala de Aula. Não é o ideal, mas é o possível para o momento. Em meio a tantas críticas que concordo, venho aqui dar algumas dicas para as famílias de como melhorar e contribuir para a aprendizagem dos seus filhos nesse momento tão complicado. E são elas:

1 – Toda aprendizagem requer organização e disciplina, por isso é  de extrema importância escolher um horário e um turno durante o dia  para dedicar-se  as atividades escolares, mesmo que as aulas fiquem gravadas no youtube, com isso, a criança ou adolescente já irá internalizar que aquele horário é pra estudar . Brincar, só depois de estudar!

2 - Se possível, escolha um ambiente arejado, organizado e iluminado para a realização das tarefas escolares, pois um ambiente agradável, facilita muito a aprendizagem. Pode ser o “ cantinho de estudo”.

3 – Se ficar com dúvidas nas atividades, assista aos vídeos mais de uma vez, pois ficarão gravados, além de usar a internet para pesquisar outras fontes sobre o conteúdo.

4 – Não tenha medo do novo, mesmo que essa nova forma de ensino seja uma maneira nova de aprender, não se acomode, busque entender melhor a plataforma e busque ajuda da escola sempre que possível.

5 – Esteja sempre em contato com o professor(a), não tenha receio de perguntar e nem de errar, pois o erro é o caminho para o acerto.

6 – Evite deixar as crianças ou adolescente muito tempo com o celular, em  atividades não relacionadas à aula, pois  o uso excessivo de aparelhos eletrônicos  pode causar danos a vista e até a memória. Estimule seu filho ou filha a jogar mais jogos de tabuleiro(xadrez, ludo, dama e etc), que estimulam o raciocínio lógico, se possível jogue com eles.

7 – Esporte também é um boa pedida para estimular um bom desenvolvimento motor das crianças e adolescentes, mas nesse momento é melhor  limitar -se ao espaço doméstico, por isso, se não tiver área ou quintal para tal prática, foque somente nos jogos de tabuleiro.

8– Revise os conteúdos sempre que possível com seu filho ou filha, a aprendizagem significativa é bem mais fácil de ser  assimilada.

9 – Fale sempre que possível sobre a  importância de estudar,  estimule seu filho ou filha  com frases de incentivo, exaltando sempre que ele é capaz.

10 – Incentive sempre a leitura para as crianças e adolescente, diminuindo o uso excessivo de celular, pois quem tem o hábito da leitura, escreve bem e se desenvolve intelectualmente. Se seu filho ou filha ainda não tem o hábito, comece dando a ele gibis,  depois ofereça outras opções de leituras.

      11 - Se possui mais de um filho ou filha, estimule os irmãos mais velhos a ajudarem os irmãos mais novos nas atividades, explique a importância de transmitir conhecimento e de ajudar os pais nesse novo desafio.


     12 – Uma boa noite de sono, produz boa memória , melhora o humor, a disposição, ajuda no combate a depressão e ansiedade,  o que  facilita na aprendizagem, onde a mente fica mais aberta para assimilar conteúdos, por isso, evite usar aparelhos eletrônicos perto do horário de ir dormir, o recomendado é uma hora antes de dormir, não ter mais contato. Estabelecer o horário de dormir, também é de extrema importância. Lembre-se que, criança precisa ter rotina.


    Espero que essas dicas facilitem no estudo das crianças, adolescentes e na condução das  famílias nesse “ novo normal” das escolas e do ensino.


Karla Ramalho

Pedagoga – (Universidade Estadual de Goiás)
Especialista em Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça – (UnB)
Estudante de Psicopedagogia – (Instituto IFI Educação)
Professora do 5º ano da Escola Classe Cachoeirinha – área rural de São Sebastião – DF.


terça-feira, 23 de junho de 2020

O MUNDO DE SÃO SEBASTIÃO!

No dia 25 de junho, São Sebastião faz aniversário com muita história e muita complexidade, tendo  uma história um tanto peculiar, de Olaria a Região Administrativa que mais cresce no DF.
Infelizmente o aniversário da cidade não é só  comemoração. Em menos de cinco anos, a população de São Sebastião triplicou, mas esse aumento populacional não veio seguido de ações públicas básicas, como a construção de novas escolas, unidades básicas de saúde e espaços de lazer.    O bairro Jardim Mangueiral que se nega a ser da cidade, por uma questão de preconceito de classe, trouxe para a região um grande número de habitantes que ocupam vagas nas escolas,  postos de trabalho e lotam ainda mais as  unidades de saúde, igualmente o bairro Crixás e o Morro da Cruz, esses dois últimos, dentro da cidade
No ano de 2020,algumas crianças não conseguiram vagas nas escolas da cidade, além da UPA está sempre lotada, onde cidadãos passam praticamente  o dia inteiro para serem atendidos. O bairro Crixás, surgiu com a ideia de um residencial popular,  com uma boa estrutura, mas ao lado de um dos bairros mais carentes da cidade, e atualmente o maior, o bairro Morro da Cruz.
O bairro Morro da Cruz, cresceu a custo de invasões e grilagem de terras, inclusive em  lugares impedidos de ter construções, o que fez muitas famílias perderem suas casas, confiando em grileiros criminosos que venderam terras irregulares. Hoje em dia é um bairro que necessita de muita infraestrutura. Em sua maioria, não possui asfalto, saneamento básico, ruas escuras e perigosas.
Na cidade há um grande crescimento de bares, em grande parte,   com muito sertanejo e forró, mas há uma infinidade de jovens na cidade que curtem vários outros estilos, mas não possuem muitas opções, pois há poucos espaços de lazer públicos. São Sebastião não possui um Centro Cultural público, não possui salas de cinema, nem anfiteatro,  possui somente uma pista de skate que precisa de mudanças e reformas e uma pista de atletismo inacabada. Há algumas quadras e um campo central sintético, onde acontecem vários campeonatos locais, mesmo assim não é suficiente. A cidade é um celeiro de artistas e atletas. Artistas e atletas que já ganharam diversos prêmios, que orgulham a cidade.A pista de skate de São Sebastião é inadequada, além de ficar do lado da delegacia, o que impede de ter eventos e campeonatos, por ordem da polícia.
Uma cena típica nas sextas feiras em São Sebastião é a descida de muitas viaturas da polícia na cidade. Muito tem a ver com a segurança da população, mas também, temos inúmeros casos de violência policial. Sem opções de lazer, ficar sentado na calçada conversando com os amigos, pode ser arriscado para alguns jovens que temem a famosa “batida” da polícia. Não sou contra a polícia, mas a melhor maneira de se combater a criminalidade não é só com polícia, mas é também com lazer, cidadania, oportunidades.
O mundo de São Sebastião pede socorro, assim como o mundo pede socorro. Em meio a mortes pela pandemia, em meio a um racismo cruel e intrínseco, que mata muitos jovens negros pelo mundo, principalmente nas periferias.
São Sebastião, eu te amo, vivo você a 20 anos, mas choro ao ver seus passos lentos para ser tornar uma cidade melhor. Espero que você ganhe muitos presentes, como novas escolas, novas quadras de esporte, novas praças ,um centro cultural, uma pista de skate nova, uma nova unidade de saúde, iluminação nos bairros mais pobres e muito mais. É necessário cuidar da sua juventude e também dos seus pioneiros. O “Eu amo São Sebastião”, não tem que ser só um monumento, mas também atitudes. Vida longa a São Sebas, viva bem e melhore.

Karlinha Ramalho

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Reflexões sobre minha experiência na Casa de Paulo Freire e votos da periferia em Bolsonaro.(E eu não fui a manifestação, por questão de preservação da minha saúde)



Durante alguns anos da minha vida, eu fui alfabetizadora popular na Casa de Paulo Freire, um lugar que já alfabetizou mais de 4000 adultos e idosos em São Sebastião –DF  com o método Paulo Freire, idealizada por Elias Silva e Herlis Silva, ambos líderes comunitários da cidade.
Em sua maioria era um público da classe trabalhadora, mais velhos,  alguns idosos aposentados , boa parte evangélicos e pelo fato de não terem tido acesso a leitura e escrita em suas vidas, supõe-se que tiveram uma vida bem difícil.
Grande parte, eram  trabalhadores autodidatas, como: marceneiro, pedreiro, serralheiro, diarista e dona de casa. Frequentavam a Casa com a vontade de aprender  a ler e escrever.
Nós, educadores populares freireanos, tínhamos um papel de dialogar e principalmente colocar questões que os fizessem refletir seus lugares como classe trabalhadora, já que esse é um dos princípios da educação freirena, “ a leitura do mundo” em um processo de aprendizagem mútua.
Muitos desses senhores e senhoras, votaram no Bolsonaro, alguns pelo restrito acesso que eles têm a certas informações, alguns convencidos pelas igrejas, que chega muito mais a esse público do que a própria esquerda. Com isso, era um processo de formação, de diálogo e afeto, fazendo muitos refletirem se o presidente que eles votaram, realmente defende seus interesses.
A periferia jovem foi as ruas,  a periferia de esquerda foi as ruas, os partidos e movimentos de esquerda foram as ruas. No mundo, há um levante de movimentos negros  lutando contra o racismo que há séculos vem matando a população negra de todo o planeta, sem reparação e sem uma mudança de fato, pois vivemos a séculos e séculos em uma sociedade racista e governos e  justiça pouco se movimentam para mudar essa situação, muito pelo contrário, o que se ver no mundo é um aumento de governos autoritários e racistas e a violência policial cada vez mais latente nas favelas do país, matando em sua maioria a juventude negra a mando do Estado.
O mundo atual, vive uma pandemia que chegou ao Brasil e  que foi se alastrando e piorando, graças a um presidente irresponsável que não tomou as devidas providências e que tem se colocado contra qualquer movimento social, antirracista e antifascista. Não sugeriu nenhum plano de incentivo aos pequenos empreendedores e só liberou o auxílio emergencial, depois de muita pressão do Congresso, agindo de maneira lenta, desorganizada e negligente. O mesmo é um fascista e racista declarado e que a todo momento insulta  todo tipo de movimento pró democracia, ameaçando cada vez mais a democracia do país     . Se você for  nas periferias(do DF, por exemplo), ela está repleta de pessoas que compraram esse discurso do Bolsonaro e em alguns casos, porque certos debates que  conscientizam a população mais pobre, não chegaram até eles, somente a informação da mídia tendenciosa, das igrejas não progressistas e as Fake News. Quando nós, educadores populares,  puxávamos o debate  sobre essas questões, elas refletiam  se realmente estavam votando em alguém que ligado aos seus princípios cristãos de fato.
Por isso, nós, militantes, educadores e movimentos sociais, não podemos  esquecer a classe trabalhadora que em alguns casos, não tem acesso a certos debates que a juventude e que alguns movimentos sociais fazem. Porque as igrejas não progressistas e o discurso da direita(aliados as igrejas), muita vezes chegam muito mais nessa população do que as informações dos movimentos da classe trabalhadora, simplesmente porque os movimentos sociais, deixaram de fazem “movimentos de base”.
 Chego a conclusão  que não é só a elite preconceituosa que vota no Bolsonaro, nem só fascista vota no Bolsonaro,  mas também uma parcela sem acesso a outras informações que as conscientizem que Bolsonaro e muita gente da direita e afins só defendem os interesses da elite, dos grandes empresários e da branquitude, não é a toa que o presidente ofende tanto os professores, artistas independentes, movimentos e toda organização que de alguma forma tenta derrubar esse projeto de expandir a ignorância para a população, para que continuem alienados e comprem do discurso do opressor.

Karlinha Ramalho


O DESMONTE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL/INCLUSIVA PELO GOVERNO IBANEIS

  O atual governador Ibaneis fez sua campanha eleitoral afirmando que a educação seria prioridade em seu governo. No entanto, o que se tem v...