domingo, 2 de abril de 2017

O que é ser bandido?

Nestes últimos dias, a mídia vinculou fortemente a saída do goleiro Bruno da prisão, o goleiro recebeu um  habeas corpus para responder em liberdade o crime de homicídio triplamente qualificado. No entanto, o que espanta, são todos esses holofotes dados pela sua saída, principalmente pelo fato do mesmo  ter recebido diversas propostas de times, para voltar a jogar  e fechado contrato com o time Boa Esporte, além de  ter saído da prisão de mão dadas com sua esposa.
Acredita-se que quando alguém vai preso, o maior objetivo da prisão, não é só a punição, mas sim a ressocialização ( o que não acontece) e que a chance de  recomeçar, depois de cumprir uma pena é um direito( o que não é o caso, pois o goleiro não cumpriu nem metade da pena).A questão é que enquanto todas as noticias enfatizam o retorno do goleiro Bruno ao futebol, mas uma vez, fica uma sensação de impunidade em relação a  Eliza Samudio, que foi assassinada e até hoje  seu corpo não  foi encontrado. Seu assassinato continua em segundo plano em toda essa história, desde a época que ocorreu o crime, onde ela  foi subjulgada  no período de investigação do caso, quando  a mídia tentou desqualificá-la, por conta de suas escolhas.
É interessante observar que, muitos dos que defendem uma nova chance ao goleiro, são os mesmo da turma do “Bandido bom é bandido morto”... Mas o que é ser bandido hoje em dia, afinal¿ Alguém que comete um crime de tamanha crueldade contra mãe do seu filho, não é considerado bandido, então? Até o próprio Bruno se pronunciou em uma entrevista, dizendo: “Não sou bandido”. Não é bandido, mas assassinou uma mulher. Como podemos chamá-lo, então¿ Tudo isso apenas reflete como os casos de feminicídio no Brasil ainda são tratados de maneira banal. Assim como Eliza Samudio, vários casos de mulheres continuam sendo tratados da mesma forma, ou até pior, pois são com pessoas desconhecidas e o caso de Eliza ganhou visibilidade, por conta da fama do goleiro.
No Brasil, são assassinadas em média, 13 mulheres por dia(Atlas da Violência 2016) e com uma Lei do Feminicídio (13.104) aprovada desde 2015, as mulheres ainda são obrigadas a se deparar com situações como a saída  do goleiro Bruno da prisão. Vale lembrar que para todas as mulheres vítimas de feminicídio, não há possibilidade de “segunda chance”.
(Em memória de Eliza Samudio)

Karlinha Ramalho

Fontes:



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